Miro cozinha desde os 11 anos, incluiu o pargo nos cardápios e criou o Satyricon
Descendente do poeta Giacomo, unanimidade nacional na Itália, o romano Vladimiro Leopardi, depois de 27 anos de Brasil, preserva costumes e hábitos italianos. Prepara a própria massa com frutos do mar e se comunica com os brasileiros falando pouquíssimas palavras em português. O apego às raízes faz dele um carrancudo, mas na verdade é um tímido que não gosta de contar sua vida de sucesso na criação de restaurantes famosos como o buziano Satyricon.
Nascido "a Roma" há 68 anos, Miro Leopardi não herdou as veias poéticas de Giacomo, mas a sabedoria culinária dos avós, pai e tios Leopardi, donos de tradicionais ristorantes romanos como o Osteria Matricciano, onde aos 11 anos de idade começou a aprender a arte de cozinhar.
Autodidata por vocação, Miro era dono do "Lo Stalone Del Mare", restaurante para 1 mil pessoas "a Roma", quando decidiu viajar para São Paulo para analisar a viabilidade de importar frutos do mar, via Santos.
Chegou, gostou, ficou e comprou a Cantina Celeste, na paulistana Vila Mariana, negócio que durou pouco porque, ao conhecer o Carnaval carioca se mudou para o Rio de Janeiro para montar o restaurante Pirata, na Rua Carlos Góis (Leblon), o primeiro sucesso.
Irrequieto empreendedor, logo decidiu virar fazendeiro na cidade de Valença/RJ, criar porcos, ganhar dinheiro em negócio pioneiro na região, mas com saudade do mar voltou para o Rio para abrir, em sociedade, o restaurante Pronto, na rua Dias Ferreira. Outro sucesso.
Um dia de 1979 conheceu Búzios, se encantou com o mar e vislumbrou a possibilidade de ganhar dinheiro exportando frutos do mar, principalmente o peixe pargo considerado na época de segunda pelos pescadores e restauranteurs. Como sabe e gosta de cozinhar e sempre prepara, ele mesmo, suas refeições italianas típicas, montou o restaurante Oásis, perto da Praça dos Ossos, "para poder comer bem". Mais um sucesso.
Da Itália trouxe um técnico para montar uma escola de pescadores e ensinar aos nativos a arte de pescar, conservar e preparar o peixe fresco para exportação sem a necessidade de congelá-lo. A Escola fez escola na região e o pargo, antes desprezado, começou a ser disputado e incluído nos melhores cardápios do país.Foi nessa época do restaurante Oásis (1981) que conheceu Marly, uma carioca de Copacabana que tinha casa de veraneio vizinha ao restaurante. Formada pela aguerrida Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi), mas dedicada à moda como estilista, Marly encantou-se com "aquele homão de 1.90m de altura, lindo, falando português com sotaque arrastado" e se casou com ele.
Até hoje em dia Miro sente saudade da sua Roma para onde só não voltou por causa da Marly e dos dois filhos brasileiros Bruno e Sandra (do primeiro matrimônio tem mais três) e das 50 toneladas de Pargo que exportava por mês para a Europa através de sua empresa Brasfish, de onde atualmente é só consultor.
Em 1982, Miro montou seu definitivo restaurante Satyricon, de frente para o mar da Praia da Armação, nome italiano escolhido por ele por significar comilança, alegria, festa, enfim, por ter muito a ver com alto astral da cidade buziana. Se todos os outros restaurantes foram sucesso, o Satyricon foi a glória, ainda mais porque ajudou a divulgar a cidade de Búzios para o mundo. O mesmo aconteceu na filial de Ipanema, point de turistas.
Em 1998, surgia a Capricciosa PIZZA D.O.C (Denominação de Origem Controlada, como os autênticos vinhos italianos), construída anexa, onde funcionava a Pousada do Albatroz. Um ano depois, o sucesso da pizzaria buziana se repetiu em Ipanema.No Satyricon buziano (Praia da Armação - fone 22 - 2623-1595) recomenda-se como Antipasti, os "mexilhões com vinho, alho, salsinha", as lulas fritas, ostras, carpaccios ou o creme de crustáceos.
Em seguida, massas com frutos do mar, o "risotto ai crostacei con Rucol Selvática (arroz italiano, com camarão, lagosta, lagostins, cavaca e rúcula selvagem), os polvos (polpos), as "aragostas & ciculas (lagostas & cavaquinhas).
Importante: no almoço ou no jantar, você ainda tem direito à bela vista do mar buziano.Bom apetite !