Mergulhe no Mar |
Mergulhador Kupeu já viu tubarões e baleias e pegou carona em arraia gigante (jamanta)
Aos 43 anos de idade, Kupeu tem muito que contar sobre aventuras no mar. Gaúcho de São Leopoldo, passou a adolescência surfando e foi "batizado" em mergulho submarino aos 22 anos, nas águas do mar catarinense. Ele já viu bem de perto tubarões e baleias e pegou muita carona no dorso de arraias gigantes (jamanta). Essas emoções o fizeram escolher a cidade de Búzios para morar e montar sua hoje conceituada escola e operadora de mergulho de lazer e profissional CASAMAR.
A CASAMAR foi criada por Kupeu, ou melhor Marco Aurélio Mattes Dias, que depois do surfe nos costões catarinenses de Garopaba, dedicou-se aos mergulhos na cidade de Bombinhas, que está para Florianópolis, assim como Búzios está para a cidade do Rio de Janeiro.
Kupeu, que recebeu o apelido ainda no tempo de escola, resolveu mergulhar um dia em que o mar não estava bom para surfe e gostou. Da máscara & snorkel demorou pouco para seu "batismo", como é chamado o primeiro mergulho autônomo com equipamento (cilindro). Gostou tanto que fez vários cursos no exterior e montou o Submarine Center, a primeira escola de mergulho de Bombinhas (SC).
Depois dessa escola, dedicou-se às filmagens submarinas, fundou uma empresa chamada Mar Brasil e, em 1990, por indicação de um amigo, zarpou para Búzios na sua lancha Majórica, uma DM41. Visitou, adorou e decidiu voltar mais três vezes.
Em 1992, ficou de vez, criou a escola e operadora de mergulho CASAMAR (22- 2623-1302 e 2623-2441) e, em abril de 2000, construiu, na Rua das Pedras, a POUSADA CASAMAR, com 17 quartos que administra juntamente com seu irmão Léo.
O "batismo submarino" começa com o "catecismo" teórico a bordo do barco Ciliaris
A bordo do barco Ciliaris, nome científico do peixe "frade real", os mergulhadores, alguns estrangeiros, se afastam do cais já ouvindo informações dos instrutores.
Ainda em terra, mergulhadores do chamado "batismo submarino" (primeiro mergulho) e também os mais experientes assinaram termo de responsabilidade, uma declaração de que não sofrem problemas de saúde, inclusive claustrofobia, e que seguirão as regras básicas da PDIC - Professional Diving Instructors Corporation.
O Ciliaris, da CASAMAR está equipado com material de primeiros socorros e oxigênio, sistema de rádio comunicação VHF com base-terra, GPS, ecobatímetro e bote com motor para apoio de superfície aos mergulhadores.
Quando o vento e o mar permitem, o mergulho se dá ao redor da Ilha da Âncora, a 45 minutos de viagem, onde a profundidade chega a mais de 50 metros. Caso o mar esteja batido pelo forte vento Nordeste, o mergulho é no costão da praia de João Fernandinho, próximo a praia, sobre uma laje a 10 metros de profundidade.
Toda a costa buziana é rica em vida marinha pelo fenômeno da ressurgência, a presença das correntes oceânicas geladas da Antártica que trazem ricos nutrientes que atraem grandes peixes como tubarão, garoupa e arraia gigante (jamanta de até uma tonelada) que adora ser cavalgada no dorso pelos mergulhadores. É também comum aparecer no entorno da Ilha da Âncora cachalotes, baleias jubarte e até orcas.
Prancheta na mão, o instrutor vai definindo o equipamento de cada mergulhador e a quantidade de peso que terão na cintura para neutralizar a flutuabilidade da roupa de borracha (neoprene). Esse número é calculado de acordo com o peso e volume corporal da pessoa, a espessura da roupa e da densidade da água (um mergulhador de 80 quilos usa um cinto com dez de peso).
Como regra internacional, os mergulhos sempre devem ser em duplas e, assim, elas vão se formando ainda no barco, enquanto o instrutor reproduz com desenho na prancheta o fundo do mar na área de mergulho. Ele lembra que a cada 10 metros a pressão dobra, que a zoada no ouvido deve ser compensada sistematicamente com um sopro no nariz apertado e ensina a retirar água que porventura entre pela máscara. E importante: ficar atentos à zoada de motor de traineiras e saveiros de turismo que trafegam na região.
Auxiliado pelo mestre do barco e o marinheiro, o instrutor vai preparando as duplas e soltando no mar os mais experientes. Aos que terão "o batismo submarino", ele repete várias vezes as informações técnicas.
E cai com eles no mar, agarrando a dupla pelas mãos, colocando em prática a teoria ensinada a bordo. Aos poucos a dupla pega segurança no respirar com o equipamento e o instrutor começa a mergulhar bem devagar, deixando como rastro apenas uma sombra colorida dos cilindros e nadadeiras que aos poucos desaparece.
Começa a viagem por um admirável mundo novo.
O batismo submarino proporciona ao mergulhador 30 minutos de silêncio e emoçãoPara os que estão mergulhando com equipamento autônomo pela primeira vez, a dificuldade inicial é a adaptação do organismo para se inspirar/expirar somente pela boca com o oxigênio vindo do cilindro. Quando se inspira, a sensação é a de se puxar mais ar do que o necessário.
Controlado esse fluxo de ar depois de um rápido treinamento ainda na superfície da água, o instrutor pergunta se já dominou o equipamento e se está pronto para o mergulho: - Vamos tentar agora ?
Dado o sinal de OK com a comunicação universal com os dedos polegar e indicador em forma de círculo que entre nós significa "aqui, oh!", o mergulhador "pagão" vai afundando bem devagar sob a orientação do instrutor que o conduz pelo colete que é esvaziado ou insuflado por um botão para estabilizar o mergulho.
Tudo é feito bem devagar, com muita calma, para que o mergulhador vá ganhando confiança no mergulho. No início, mais preocupado com o ritmo da respiração, a maioria se esquece de apreciar o cenário em volta, mas aos poucos vai descobrindo as belezas e os habitantes desse admirável mundo novo.
Os braços permanecem sempre livres, mas sem dar braçadas e, movimento, apenas com as nadadeiras dos pés. Como a pressão aumenta a cada metro descido, o mergulhador começa a sentir uma zoada no ouvido e a controla apertando o nariz e soprando como normalmente se faz numa viagem de avião.
O cenário aos poucos vai se tornando mais importante do que a preocupação com a forma de se respirar, aparece grande variedade de peixes coloridos, no fundo se destacam algumas estrelas do mar, chega-se a um local onde a água se torna bem mais fria e, no meio daquele silêncio, muitos dizem ter a sensação de paz.
O tempo passa, o passeio continua, os mergulhadores começam a subir bem devagar e avistam na superfície uma sombra escura: depois de 27 minutos, 45 segundos e 45 décimos de mergulho, o "batizado" e o instrutor aparecem na superfície junto à ao barco Ciliaris.Acaba mais uma primeira viagem ao admirável mundo novo do mar buziano.